Apresentação

APRESENTAÇÃO

Luzania Barreto Rodrigues
Delcides Marques
Adelson Dias de Oliveira
Vanderléa Andrade Pereira

A III Semana de Ciências Sociais da UNIVASF, realizada dos dias 24 a 27 de setembro de 2015, teve como temática "Ciências Sociais: saberes e atores na cena contemporânea". Em sua terceira edição, a Semana de Ciências Sociais se constitui a partir de um interesse geral de um movimento epistemológico que integra diversos pesquisadores das ciências sociais e humanas. Trata-se do esforço de consolidar uma agenda de debates em torno de temáticas que evidenciem a contribuição das Ciências Sociais no Vale do São Francisco e no mundo contemporâneo, refletindo assim sobre os diversos saberes e atores nos cenários locais e globais.
Compondo a construção epistêmica da semana, a Mesa Redonda de abertura Refazendo o Social: humanos e não humanos do ponto de vista antropológico abrigou três consistentes comunicações. A primeira delas, intitulada “Considerações Sócio-antropológicas sobre a Materialidade”, foi proferida por Miriam Rabelo (UFBA) e teve caráter eminentemente epistemológico.  A segunda comunicação, sob o título  “(re)Pensar Prática Corporal, Ritual e Tradição a partir da Proposta de Bruno Latuor?,  realizada por Christine Nicole Zonzon (UFBA),   consistiu numa síntese da sua recente tese de doutoramento, uma consistente reflexão sociológica sobre a Capoeira enquanto prática corporal e político-ideológica da tradição afro-brasileira.   Por último, esta Mesa Redonda contou com a contribuição de Gabriel Pugliese (UNIVASF), com a comunicação  “O Caso Marie Curie e suas ontologias de geometria variável”, baseada nos seus estudos latunianos acerca da trajetória da químico-física Marie Curie, cujo objetivo consistiu, nas suas palavras, em “explorar como nesse complexo de relações da invenção-descoberta da radioatividade homens, mulheres, raios, elementos químicos etc. rebatem uns nos outros promovendo variações ontológicas entre si, e que no fundo são transformações da política de gênero e também da própria ciência”.
Continuando as reflexões sobre saberes e atores, diversos campos temáticos foram movimentados simultaneamente mediante as discussões teóricas realizadas nos seis Grupos de Trabalhos: Gt 1 – Juventude e políticas educacionais; Gt 2. Religião, religioso e religiosidade; Gt 3- Desigualdades em Matizes, educação, trabalho e cultura; Gt 4- Identidades em corpos e lugares; Gt 5- A questão das drogas e Gt 6- Educação contextualizada: perspectivas curriculares para educação básica. Os grupos de trabalho integraram estudos de diversos pesquisadores professores e estudantes de diferentes universidades da região e do País, o que possibilitou a visibilidades dos saberes e atores em micros e macros contextos de produção de conhecimentos nas ciências sociais.
          Tecendo os momentos finais da III Semana, na Conferência de Encerramento Humanidades Digitais: previsões antropológicas, Jamile Borges da Silva trouxe provocações sobre autores e obras que ajudam a produzir uma nova  compreensão acerca de diversas sociedades e grupos sociais, mediante a problematização da complexa relação entre ciência, técnica e sociedade, o que possibilitou a reflexão dos estudantes e professores presentes  sobre as ferramentas analíticas para visibilizar atores e saberes na perspectiva de futuro no tempo presente.
          A III Semana contou, ainda, com dois minicursos: (1) A Escrita nas Ciências Sociais, ministrado pelo professor Claudio de Almeida (UNIVASF), objetivou introduzir uma discussão pautada no caráter da produção textual nas Ciências Sociais e sua importância; (2) Um Breve Panorama sobre a Questão das Drogas em Ciências Sociais, ministrado pela professora Taniele Rui (UNICAMP), teve por objeto apresentar um breve panorama da produção empírico-analítica sobre a rubrica “drogas” nas Ciências Sociais.
Com tais temáticas articuladas nas mesas redondas, grupos de trabalho, minicursos e conferência de encerramento, mantemos um foco no desafio de pensar o próprio funcionamento e finalidade das Ciências Sociais e, principalmente, da formação integral do cientista social bacharel e do cientista social licenciado. Decorre-se disso a urgente necessidade de compreender os dispositivos que articulam os diversos saberes e atores nas diversas paisagens contemporâneas. Problematizar certos aspectos sobre o que é contemporâneo e como os saberes e atores se constroem nessa cena, foi parte fundamental da III Semana. Prosseguir com a discussão, afinal de contas, envoltos no próprio ofício de cientistas sociais, compreendendo criticamente o mundo por meio da superação das obviedades aparentes e tendo em vista aquilo que se torna emblemático no funcionamento da vida contemporânea, foi o melhor resultado.
O registro dos Anais da III Semana traduz o compromisso de graduandos, pós-graduandos e docentes, de grafar a memória de todos os saberes e atores que teoricamente estiveram no centro do diálogo do evento, possibilitando, assim, que as Ciências Sociais se façam cada vez mais vivas nos indivíduos e nas sociedades.